No século III, viveu no médio oriente, Tirso que deixou o seu testemunho de fé,
assinalado pelo martírio. Terá nascido em Cesareia e martirizado em Apolónia, na Bitínia.
O antigo martirológio romano assinala a memória de Santo Tirso em 28 de Janeiro,
juntamente com os companheiros de martírio, Lêucio e Calínico e outros convertidos que, por
ordem do imperador romano Décio, na perseguição aos cristãos do ano de 250, depois de
muitos tormentos, foram degolados.
Um dos oficiais do imperador apresentou-se em Cesareia da Bitínia para executar o
edito promulgado contra os cristãos. Lêucio, um dos principais do lugar, aproximou-se dele e
enfrentou-o, reprovando-lhe a devoção aos ídolos. Imediatamente foi castigado por isso, com
toda a espécie de tormentos e, por fim, decapitado.
Quando o oficial se ia embora, ergueu-se um lutador célebre, chamado Tirso. Pasmado
com audácia de Lêucio, enfrentou o governador e censurou-lhe a idolatria. Não suportando o
atrevimento, o governador, imediatamente o entregou aos verdugos. Foi torturado com
correias finas que lhe apertavam mãos e pés e os polegares com violência. Mas Tirso mantevese
sereno e burlava dos próprios verdugos e do governador, de tal modo que, enfurecidos, lhe
arrancaram os sobrolhos, a fim de que todos se rissem dele, pela estranha figura em que ficou.
Como a tudo resistisse valorosamente, sentiam-se malogrados. Por isso, não
conseguindo atingir os seus propósitos, o governador ordenou que lhe cortassem as mãos e o
açoitassem sem piedade e lhe lançassem chumbo quente e derretido. Tirso confiou e
encomendou-se a Deus com fervorosa oração que Deus veio em seu auxílio e o chumbo caído
nas suas carnes, evaporando-se, caiu sobre os seus inimigos.
Depois disso, atormentaram-no com ferros afiados, rasgando as suas carnes e
retalhando os seus membros. Implorando o Senhor, logo desceu um clarão do céu que o
envolveu e uma voz celeste o confortava e incitava a sofrer. Nisto, tremeu a terra e o lugar
onde estavam. Mesmo assim, Cobricio não se importunou e considerou ser um mero efeito de
artes mágicas.
Então enviaram-no preso para Nicomedia e Cobricio foi substituído por Silvano. Nessa
noite, apareceu-lhe um anjo que o curou e o libertou das correntes, encaminhando-o ao lugar
onde se escondia o santo bispo Biseas, a fim de satisfazer o desejo de ser baptizado.
Depois de baptizado, voltou a ser preso e Silvano ordenou que o levassem ao templo de
Apolo para sacrificar aos deuses. Porém, orando a Deus, o ídolo caiu e esfrangalhou-se em
pedaços. Ora, um grande sacerdote dos ídolos, chamado Calínico, que aí residia, converteu-se
e foi decapitado com outros quinze sacerdotes que seguiram o seu exemplo.
O novo governador ficou furioso e mandou que trouxessem uma tina de água e nela
afogassem a cabeça de Tirso, enquanto outros o chicoteavam e açoitavam cruelmente, para
que deixasse de blasfemar contra os deuses.
Mas, como tudo suportasse com paciência e serenidade, foram buscar uma roda com
dentes agudíssimos, como navalhas, para o triturar. Silvano, entretanto morreu, em castigo da
sua crueldade.
Tirso foi levado para Apameia e daí para Apolónia. Veio Asclepio, com a intenção de
continuar e redobrar a tortura. Morreu também na noite seguinte. Mas a terra recusou
também receber aqueles corpos de cruéis e brutos tiranos e lançou-os fora das sepulturas.
Mas Tirso, com o poder da oração, não consentiu, à terra, tal disposição.
Veio outro governador, chamado Bando, e continuou a mesma crueldade. Com o
intento de pôr fim à vida de Tirso, mandou que o lançassem às feras. As feras, entretanto
aproximaram-se dele e nem sequer o beliscaram, antes, reverenciando, se acomodaram com
brandura, junto dele.
Nada conseguindo, o governador ordenou que o serrassem a meio. Tal operação foi
muito demorada, porque o ferro não queria entrar naquelas carnes, por mais força que o
verdugos empregassem.
Então, Tirso, entregou com alegria a alma a Deus que sempre o ouvira e lhe dera tanta
força e coragem para suportar todos tormentos.
Morreu em 28 de Janeiro de 254, em Apolonia do Ponto, para onde tinha sido levado. O
Martirológio Romano faz memória dele neste dia, com os dois mártires que com ele
padeceram, Lêucio e Calínico e todos os outros martirizados.
Nos finais do séc. IV foi trasladado de Apolonia a Constantinopla. O seu culto divulgou-se
no Ocidente. O martirológio romano antigo marcou a sua memória para 28 de Janeiro.
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